O GAMO (dama dama)


    Os Gamos são os primos direitos do Cervus Elaphus, ou no caso presente, do nosso veado ibérico. Assim, e ainda segundo os paleontologistas, quer o veado quer o gamo são originários de uma primeira espécie de veado de grande porte, com hastes de grande dimensão e com forma palmeada que existiu no período Pliocénico e que habitava as regiões turfeiras do que é hoje a Irlanda - o Cervus megaceros. Estes progenitores da espécie desaparecem, contudo, no fim da época glaciar.

     O nosso Gamo é igualmente proveniente da Ásia Central e apesar de revelar uma morfologia, hábitos e comportamentos em tudo semelhantes aos do veado, revelou também uma maior atitude de proximidade em relação à espécie humana. Tal significa que o Gamo se habituou a conviver com o Homem e que, durante muitas décadas da Idade Moderna, era mais frequentemente visto como um animal de parque (meio domesticado) do que como uma espécie de caça maior. Era normal, ao longo do século XIX e em alguns países da Europa, as grandes mansões terem em liberdade exemplares da espécie que faziam as delícias dos nobres visitantes por se aproximarem destes para aceitar  as guloseimas que lhes eram oferecidas.

         

 GAMO MACHO ADULTO

ANATOMIA DO GAMO

GAMO FÊMEA (GAMELA) E CRIA

    Por outro lado o Gamo também existiu sempre em liberdade na Natureza e no estado selvagem, revelando todas as características dos  animais bravios. Olfato apurado, visão sagaz e sempre muito desconfiado coma presença humana, para além de uma capacidade incrível de se aperceber do que pode ou não constituir uma ameaça ou situação de perigo.

   Tal como os restantes cervídeos, revela igual dimorfismo sexual (ver a página do veado) e igual espírito gregário com os mesmos comportamentos do Veado. São, contudo, cervídeos de menor porte já que o peso máximo dos machos adultos rondará os 100 kg. Reprodução idêntica, semelhante período de gestação e período de cio posterior ao do Veado (enquanto época de cio do segundo começa em Setembro e se prologa até meados de Outubro, o cio do gamo - designado por RONCA - tem o seu momentum em Outubro).

   Em Portugal o gamo foi sempre apreciado pelas gentes uma vez que a sua sobrevivência, durante o século XX se deveu à  conservação de alguns núcleos populacionais nas propriedades da casa de Bragança, já várias vezes referidas. Tal como o veado a espécie esteve extinta nos terrenos abertos (ditos livres). Contudo, na segunda metade da década de 80 do século passado, com a publicação da nova Lei da Caça que passou a permitir e a implementar a Caça Maior (Lei 30/86), o Gamo foi introduzido  em zonas de caça ordenada (Zonas de Caça Turística e Nacionais), regressando assim às lides cinegéticas. Foi o caso de algumas Z.C.T.s do distrito de Beja, de Évora, de Portalegre e de Castelo Branco, para citar apenas algumas. Por sua vez, a ocorrência de alguns "desastres"  em vedações de Z.C.T.s durante a época invernal permitiram que esta espécie tenha começado a povoar igualmente os terrenos de caça não vedados, sendo vulgar, actualmente, encontrar gamos em liberdade em várias regiões do Alentejo.

                      

                                            Gamo da Europa Central                                                                                     Gamo da Península Ibérica

      E tal como nas restantes espécies os gamos aumentam de corpulência e de peso bruto à medida que nos deslocamos, na Europa, para Oriente, devido às melhores condições de alimentação e de mais favorável Habitat. As imagens acima revelam exactamente essa diferença de corpulência, patente não só na estrutura física como até na coloração do pelo dos animais.

     No que se refere à caça, o valor do gamo está representado pela qualidade do seu troféu, cuja evolução revela grandes semelhanças com a evolução do troféu do veado. De igual modo as hastes caem todos os anos e voltam a renascer apenas com um mês de diferença em relação ao veado (tal como acontece com o cio); as fêmeas também parem em média uma cria por ano; consomem o mesmo tipo de alimentação e a má nutrição ou o estado sanitário têm idêntica influência na qualidade do troféu; a forma de determinação real da idade é  a mesma e a análise das classes de idade pode ser feita pelo mesmo processo..

   

               LEGENDA

                      a)  Primeira cabeça ou VARETO.   b) Segunda/terceira cabeça   c)  Quarta/quinta cabeça   d)  Sexta cabeça   e)   8 - 9 anos  f)   10 e mais anos.

        O Gamo também atinge o desenvolvimento completo do troféu por volta dos 7 anos de idade, considerando as condições normais de vida; e tal como o veado, a partir desta idade, o troféu apenas pode melhorar em termos de grossura, peso e eventual aumento dos recortes da palmas.

      No que se refere aos processos de caça mais adequados para obtenção de um troféu de gamo, o primeiro a referir é, sem dúvida, a aproximação; no entanto, tratando-se de um animal de menor porte habituado a viver em áreas povoadas, o gamo consegue movimentar-se quase de forma furtiva pelo que, na caça de aproximação, se torna necessário andar pouco e devagar e observar muito toda a área envolvente.

                                                        

                                    Representação do Rasto do Gamo                                                                     Marcas de Presença (marcação de território)

      Também se pode caçar de Montaria ou de batida; no entanto, pela experiência que tenho de caçar gamos por estes processos, considero não serem os mais adequados pela dificuldade de conduzir os animais aos postos previamente definidos: acontece, com frequência, observarem-se dezenas de gamos na mancha a bater e durante a jornada de caça ninguém lhes põe a vista em cima; terminada a montaria ou a batida reuniam-se a pastar calmamente à vista de todos, parecendo saber que a "guerra" já tinha terminado.

     Igualmente eficaz e bastante mais descansado é o processo de caça de espera à água, no verão, ou à comida, quando nas alturas de menor quantidade de alimento se lhes disponibiliza o que necessitam em comedouros artificiais. Neste caso desde que o caçador esteja "bem colocado" os gamos entram com facilidade, permitindo assim uma fácil identificação da qualidade do troféu e um tiro ainda mais fácil.

     Por outro lado, quando se caçam gamos, torna-se imperioso colocar bem o tiro. Há quem diga que quanto mais pequeno mais ladino e apesar do gamo revelar um espécie de fraqueza nata o que é verdade é que, mesmo atingidos de forma mortal, revelam grande resistência e normalmente "ficam" mais longe do que se espera. Por vezes, os ferimentos deixam de largar sangue e o gamo é considerado como perdido, podendo, no entanto, estar morto 100 ou 150 metros mais adiante. Portanto, muito cuidado no momento do tiro e não se isentem de uma procura pormenorizada de indícios de ferimento, com o objectivo de se cobrar um animal que possa não ter revelado uma reacção nítida de ter sido atingido.

    Sobre os calibres mais adequados, novamente se repete a informação anteriormente prestada - todos a partir do .243, segundo o gosto e habilidade de cada um.

Gamos de parque na Dinamarca


Para quem estiver interessado em saber se o troféu que obteve deverá ser enviado para medição oficial e correspondente homologação aqui ficam os critérios de medição, bem como as respectivas fichas de registo das duas entidades internacionais representadas em Portugal. Para aceder aos documentos clique sobre o ícone da organização.

                                                                                                                                      

                                                        160,00 a 169,99  Bronze                                                              450 - Bronze

                                                         170,00 a 179,99  Prata                                                                 500 - Prata

                                                              > 180   Ouro                                                                           550 - Ouro


VOLTAR