A BATIDA

18/01/09

 

 

                                                                                                                             

    A batida é um processo de caça igualmente bem conhecido dos caçadores portugueses. Trata-se de um processo  colaborativo que pode ou não exigir a utilização de cães ou de matilhas.

    O que mais frequentemente acontece é que este seja um processo praticado pelos caçadores de caça menor e aplicado sobre espécies  sedentárias como o coelho e a perdiz: quando o coberto vegetal é muito fechado, dificultando o levante, a visualização e o tiro aos animais, é normal o grupo de caçadores dividir-se e colocarem-se alguns na zona onde se pensa que os animais vão sair (fugir) enquanto outros "batem" a área (daí a designação de batida). E neste caso, o processo apenas tem utilidade se as áreas a bater forem de reduzida dimensão (até 5 hectares). Única excepção a referir a respeito da área : as batidas às perdizes.

    E, estando nós a falar de caça maior, a batida é um processo de caça em tudo semelhante à montaria, mas com dimensões muito menores: é muito menor o número de caçadores, é bastante menor a área da mancha a bater, e igualmente menor o número de cães utilizados, porque agora não basta que sejam os caçadores ou batedores a levantar a caça; se não houver cães treinados para este efeito, os javalis não abandonam os encames e os cervídeos dão uma ou duas voltas dentro da mancha e voltam a deitar-se no mesmo lugar.

     É um processo de caça muito utilizado em França onde as áreas privadas de caça maior ( normalmente designadas por Domínios) se encontram vedadas e têm dimensões microscópicas se comparadas com a área média dos coutos de caça maior existentes na Península Ibérica.

    Apesar do que se referiu, os cuidados para a escolha do local de realização da batida são em tudo semelhantes aos da montaria, pelo que se devem procurar os rastos de entrada na mancha (e só de entrada, por que se houver rasto de entrada num lado e de saída noutro, então os bichos não estão ali).

Esquema de uma batida de caça maior.

a - rastos de entrada na mancha / b - linha de batedores / c - linha de postos(10)

   E porque normalmente os participantes são poucos, igualmente parcos são os resultados obtidos, sendo vulgar, quando se bate uma área semelhante à da imagem, cobrarem-se apenas uma, duas ou três rezes; e quando tal acontece estamos em presença de um resultado excelente. Tal facto é explicado por serem estes animais territoriais e os machos dominantes não permitirem o descanso de estranhos nas áreas que dominam, sendo vulgar que numa pequena mancha apenas esteja encamado um veado adulto solitário (ou eventualmente acompanhado de um ou outro macho mais novo), ou no caso dos javalis, apenas um grupo familiar constituído pela matriarca, crias do ano anterior e os listrados do corrente ano. E depois, quando se levantam e saem da mancha, é normal fazerem-no em fila, logo saem todos ao mesmo posto tornando-se quase impossível ( salvo raras excepções de habilidade e calma) conseguir cobrar mais de um animal.

Caçador no seu posto da Batida. Repare-se novamente na localização do posto.

    Neste processo também existem precauções a tomar na localização dos postos e as regras prioritárias continuam a ser todas as da SEGURANÇA. No entanto, enquanto na montaria os postos devem ser marcados com bastante antecedência da data da sua realização, no caso da batida os postos são normalmente definidos no momento e pelo caçador mais experiente do grupo, ou melhor conhecedor da zona, que, no maior silêncio e sigilo, leva consigo os caçadores das portas e os coloca (deixa) onde encontra veredas ou sinais evidentes da passagem frequente dos animais. E nem sequer se torna necessário fechar completamente a mancha.

Sinais evidentes de passagem na extremidade de uma mancha

    Depois a única vantagem das batidas é que, sendo um processo de caça a utilizar por uma grupo de amigos, sócios de um pequeno clube ou grupo de caçadores que para o efeito se organiza ( normalmente até 20 participantes, apesar de não haver regras para estes quantitativos), é que, durante uma jornada se podem "dar" (realizar) várias batidas dependendo do tempo que demora cada uma. Assim se os animais não estão (apesar dos vestígios encontrados nesse dia) na zona A, é sempre possível mudar os participantes para outra zona e tentarem a sorte noutro local.

Solta de cães para uma batida.

     Por vezes acontece que antes de se sair para o campo o líder do grupo de caçadores "negoceie" com os presentes os locais a caçar e a sequência das manchas  a bater, utilizando para o efeito as informações recebidas dos participantes, e obtidas em função das observações realizadas no terreno de caça na véspera ou nos dias precedentes. Assim é frequente que, antes de se iniciar a jornada, se mandem avançar os cães e batedores para um determinado local, enquanto os caçadores se dirigem directamente para a zona dos postos. Neste caso a regra principal - para além da SEGURANÇA - continua a ser o facto de os cães não poderem aproximar-se da área a caçar antes dos caçadores se terem colocado nos respectivos postos, sob pena de os poucos animais que ali possam estar saírem antes da chegada dos caçadores.

    A imagem anterior mostra um atrelado com 16 cães a iniciar o trabalho de bater uma determinada mancha. Porque são apenas 16 os cães, se trata de uma batida e não de uma matilha a ser solta numa montaria.

  

 

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Este site foi actualizado pelo última vez em 18/01/09