O AUTOR


O autor é um dos apaixonados - o termo correcto seria DOENTE - da caça maior. Acompanhante do pai e de outros caçadores ribatejanos desde os oito anos de idade, passando por aspirante a caçador aos doze, altura em que o seu pai lhe permitiu fazer os primeiros tiros de caçadeira, tendo - imagine-se - conseguido um doble com rolas na abertura de 1964, na célebre herdade do Pego do Lobo (Monte do Trigo - Évora).  Cometido o "crime" é claro que o vírus se instalou com toda a subtileza e a doença evoluiu para estados mais profundos e activos . Como previa a legislação dessa época , em 1968 o aprendiz passou a praticante com a obtenção da sua primeira licença de caça, sob o controle, supervisão e responsabilidade da mão paterna. Nessa altura caçava-se todos os dias e havia caça (menor). A caça maior era praticamente desconhecida da maioria dos praticantes sendo apenas conhecidos alguns núcleos nacionais - propriedade da Casa de Bragança - onde se podiam observar  veados, gamos e javalis ( Tapadas de Mafra, Vila Viçosa e Herdade da Torre Bela). Os mais afortunados ( diria mais folgados financeiramente falando) - muito poucos na altura - dedicavam-se a algumas montarias e poucas aproximações no país vizinho, já que as vias de comunicação na época eram poucas, más e recheadas de espírito de aventura.

Mas voltando ao autor: em 1970 e já com a provecta idade de 18 anos adquire a sua primeira arma de fogo, uma espingarda italiana de canos sobrepostos, de calibre 12, e com ela se dedica a caçar espécies migratórias de verão e sedentárias, num espírito de sã camaradagem com  companheiros de muitas origens, que com ele se repartiam a prática cinegética. E assim segue ao longo dos anos. Como muitos de nós, passou igualmente pelo Tiro Desportivo (Trap, Fosso e Voo), como atirador federado, até que um belo dia de Outono, no ano de 1980, recebe um telefonema a convidá-lo para participar numa Montaria experimental que se ia realizar na Serra do Caldeirão, só para convidados, exactamente por ser experimental.

Nova desgraça.

Colocado numa travessa, viu passar 6 dos 29 javalis cobrados pelos 55 postos montados na mancha. Dizemos viu, por que de tal se tratou apenas, uma vez que sendo portador de caçadeira carregada com bala, não teve a distância necessária para atirar e não atirou.

Este facto motivou, como se pode calcular, a aquisição da sua primeira arma de cano estriado, por importação directa da Áustria, através da Espingardaria Central A. Montez. Tratou-se então de uma Voere em calibre 300 W. Mg., com a qual, nos anos que se seguiram cobrou, de espera e montaria, mais de uma centena de javalis.

Ao longo desta mesma década apareceram as primeiras Montarias, que eram ainda relativamente baratas porque não havia zonas de caça turísticas, por que as manchas a montear eram extensíssimas ( 700 a 1000 ha. em média) e suportavam um número quase infinito de postos ( 70 ou mais) e ainda porque normalmente eram organizadas pelos Serviços Regionais de Caça a pedido das respectivas autarquias. E como aconteceu a muitos outros monteiros, o salto para aquisição de uma carabina semiautomática em calibre 30.06 que ainda hoje é a sua fiel companheira em montaria, foi curto e rápido. Com ela concretizou vários dobles, triplos e em algumas (raras) vezes conseguido 4 ou cinco porcos adultos de varas com 10 ou mais indivíduos. Actualmente os suídeos que cobrou ultrapassaram já as cinco centenas, entre esperas e montarias.

Durante a década de 90 mudou de barricada tendo passado a integrar o grupo dos organizadores de caça maior deste país, e constituído - com a patrocínio e financiamento do desaparecido Banco Português do Atlântico-  a  ATLÂNTICO CAÇA E TURISMO S.A. que geriu durante 9 anos e à qual incutiu não só o seu cunho pessoal como também uma forma diferente de desfrutar e entender a caça maior em Portugal. Esta nova forma foi concretizada através da implementação do conceito de GARANTIA de caça a todos os clientes. Com a Atlântico S.A. organizou as primeiras montarias mistas de Portugal - primeiro com javalis e veados e numa segunda fase com javalis, veados e muflões. Organizou igualmente esperas aos javalis nos períodos de luar. Guiou os primeiros caçadores nacionais que cobraram muflões de aproximação e finalmente assessorou a aquisição, pela empresa, da herdade da Chaminé em Baldios, Montemor-o-Novo tendo elaborado o seu plano de investimento, de desenvolvimento económico e de Ordenamento Cinegético, na qual instalou um núcleo de veados importados de Espanha, cuja qualidade cinegética e de troféu é sobejamente conhecida dos nossos monteiros e ainda hoje dá que falar. Pena foi que a ATLÂNTICO CAÇA E TURISMO tivesse desaparecido em 1996 quando o famoso BCP lançou a O.P.A.  sobre o B.P.A. e o assimilou, extinguindo de seguida todas as empresas do grupo B.P.A.

E nosso autor voltou à barricada anterior. Nunca se desvinculou da caça Maior, que leva cada vez mais a sério, sendo este  o mais importante  desporto que pratica. Tem enorme motivação pela caça de aproximação, tendo uma paixão particular pelos corços. Esta paixão levou-o a procurá-los e caçá-los em regiões tão distantes como a Suécia e a Dinamarca, e mais perto, no país vizinho. E como tal o armeiro foi crescendo. Sequencialmente veio a aquisição de uma stutzen em calibre .270 W inicialmente dedicada aos corços, de uma 9,3X62 dedicada ás esperas nocturnas ao javali, e depois uma monotiro basculante em calibre .243 W com a qual caça a quase todas as espécies. Muito mais recentemente foi necessário adquirir um cofre de dimensão alargada, não só pela imposição legal da Lei das Armas mas também porque o Tiro desportivo entrou nas suas práticas. E como tal vieram as armas de calibre .22 LR sendo estas uma pistola e uma carabina para tiro de recreio e de competição. Finalmente e porque qualquer caçador de Caça Grossa que se se preze deve estar equipado para o que der e vier lá está também uma carabina de calibre africano em .416 Rigby. E é claro que as espingardas de calibre 12 também lá têm o seu espaço: uma semiautomática e duas de canos sobrepostos (uma destinada à caça e outra destinada ao tiro aos pratos).

Actualmente e apenas praticante das modalidades, tenta partilhar o que aprendeu ao longo dos anos com gentes de muitas origens, nacionalidades e culturas, no sentido de defender a caça, o código de conduta e a ética que devem presidir ao espírito de todos aqueles que desfrutam a Natureza através da caça.

Para tal aceitou integrar o grupo de fundadores do Safari Club Internacional Lusitânia Chapter recentemente criado no nosso país que como sabemos é uma das mais prestigiadas organizações de nível mundial que se preocupa com a defesa das espécies e dos habitats, para além de manter também uma defesa integrada dos direitos dos caçadores que praticam a caça de forma organizada, responsável e desportiva.

Foi também fundador da Associação Portuguesa da Arma de Fogo, na qual desempenha o cargo de Vice-Presidente, associação esta que defende  não só os interesses de todos os cidadãos legais detentores de armas de fogo como também um uso responsável e seguro das mesmas seja no tiro desportivo, seja na caça, seja ainda no coleccionismo.

Finalmente o autor é também colaborador assíduo das Revistas "Caça Maior e Safaris" e "Caça e Cães de Caça "(ed. Grupo V) para a qual escreve artigos de opinião, critica e formação sobre Caça Maior e Caça em geral.

Agora já aposentado (mas ainda caçador e atirador) o autor continua a sua batalha para uma mudança de mentalidades a nível da população caçadora do nosso país tentando manter e fazer acreditar nas tradições, códigos de conduta e respeito pela Natureza, com o objectivo primeiro de conduzir todos para uma fruição racional dos recursos cinegéticos apoiada numa gestão dos mesmos tão integrada quanto possível.

 

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